Miniconto:
Anjo da Guarda
Sentado na grama em frente à casa, passou o braço por trás de seu melhor amigo peludo como quem busca por cumplicidade. Olhou para o céu estrelado com seus olhinhos brilhantes de criança enquanto afagava o cão carinhosamente.
– Tico, os Anjos de quem mamãe sempre fala à noite ao me desejar bons sonhos não deveriam estar entre as estrelas? – perguntou confuso o garoto. – Não os vejo em lugar algum!
Apertava os olhos compenetrado para tentar enxergar melhor, a fim de ver lá por detrás das nuvens e no meio das estrelas os tais seres de asas e cabelos cacheados das histórias. Tentou até a hora de dormir, quando a mãe o pôs na cama e disse as palavras que ficavam encucadas em sua cabecinha de 7 anos.
– Boa noite, meu amor. Sonhe com os anjos.
Deitou-se com o cachorro, prometendo a si próprio que no dia seguinte retomaria a busca logo de manhã. “Talvez eles costumem dormir cedo”, pensou. Aos poucos foi pegando no sono, ao mesmo tempo em que afagava os pelos escuros de Tico, que respondia com carinho ao gesto. Levaria algum tempo, mas não muito para o garoto perceber que seu Anjo da Guarda estava bem ao seu lado: ocupando quase metade do seu colchão e dando pequenas lambidas em seus dedinhos de criança.
Flávia Bianchi
Flávia Bianchi é estudante do último ano de Jornalismo da UFPR. Tem um conto publicado na revista digital de literatura Desenredos, participou da antologia de contos “Garotas, Amores e Fantasias” da editora Instituto Memória, de Curitiba; e escreve no Recanto das Letras e no blog: oextradoordinario.com
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